22 de junho de 2011

Eu já fui trocada, substituída, enganada e iludida. Já acreditei, já amei, já confiei. Eu até já deixei de ser quem eu era, para ser quem os outros queriam que eu fosse. Agora? Agora eu mudei. Eu cresci, amadureci. Aprendi do modo mais doloroso que não se deve depender das pessoas. Que quando você cair, elas não estarão lá para te levantar, que quando você chorar, elas não estarão lá para secar suas lágrimas. Aprendi que as pessoas mudam, quebram promessas e esquecem de você. Aprendi que “Para sempre” é tempo demais, e amizades verdadeiras quase não existem. Fui obrigada a lidar com pessoas importantes indo embora da minha vida. Fui obrigada a deixar os sonhos de lado, e encarar a realidade. Fui obrigada a não me importar, a ignorar. Parece que está ficando cada vez mais difícil acreditar em qualquer coisa.

5 de junho de 2011

Divido o corpo com alguém que não conheço mais. Metade de mim sou eu, e a outra metade também. O estranho é que a segunda eu só está me decepcionando, entende? Ela às vezes precisa desabafar, mas comigo mesma não dá mais. Anda me chateando; está mudada. Agora permite que a preguiça a consuma de uma forma inacreditável: tem preguiça de comprar o pão na padaria, preguiça de pegar o papel que caiu no chão, preguiça de conhecer pessoas, preguiça de deixar o livro sobre mesa-de-cabeceira, preguiça de ser feliz. Não é capaz de construir anzóis para pescar sorrisos. Se enrosca na própria dor e abre as portas para a solidão. “Tá frio, tá cinza, tô comigo. Tenho cobertores e um bom romance para ler. É, não tô bem, mas não preciso de mais nada, certo?” É assim que a cretina pensa agora. A cretina que sou eu, inclusive. Enquanto isso, a minha outra metade apenas fica no “Calma, dê um tempo para ela. É apenas uma fase, vai passar.” Mas ande, ande logo! Preciso cooperar comigo mesma para poder ser feliz. E juro, se ela não vier logo, vou dar na minha cara.
Ando ansiosa, insegura, ciumenta, um ser insuportável. Ando chateada, sem a intenção de procurar satisfações. Precisando de certezas e surpresas, de “eu te amo” inesperado e de um colete salva-vidas. Quero sotaque, tom de voz e suspiros ao pé do ouvido. Quero me livrar de dúvidas que assim como me deixam perto, me levam pra longe, não sabendo se vou ter quem me traga de volta.